ZONEAMENTO PRELIMINAR
Com um programa inicial definido, a etapa seguinte ficou por distribuir, no espaço do terreno estudado, os usos e ocupação. Através de uma discussão inicial, definiu-se como ponto central o terminal (hoje desativado), pensando-o como meio de estratégia de atração de público, pela facilitação do acesso. A partir disso, o zoneamento geral foi executado considerando algumas diretrizes, provenientes de discussões do grupo em torno do conceito do projeto (a identidade) e de opiniões gerais do grupo sobre dinâmica urbana. Para o primeiro, considerou-se criar zonas que estivessem relacionadas de forma intrínseca à identidade do bairro, isto é, à convergência da comunidade do entorno imediato ao terreno e zonas que se relacionassem com a identidade de quem ali habitaria diariamente, definida por espaços mais voltados ao convívio de moradores e outros indivíduos que teriam determinado vínculo de permanência com o local, como os funcionários dos equipamentos propostos. Para a segunda consideração, estipulou-se os ritmos de acesso ao terreno do aterro e os fluxos principais convergentes do entorno.



Para a “Zona 1”: Escolheu-se alocar primeiramente os equipamentos de capacitação, como meio de estratégia de manter este espaço permanentemente ativo, por proporcionarem atividades programadas, ou seja, que atrairiam um público fixo e garantiriam um uso que não fosse enfraquecido pelo fato de estar “do outro lado” do aterro em relação ao bairro; Junto a isso, decidiu-se por criar espaços de lazer voltados primeiramente à comunidade local, mas também a cidade;
Para a “Zona 2”: Ficaram alocadas predominantemente habitações além de espaços de lazer, equipamentos e cooperativas, sendo esta a zona onde estará presente, de forma mais intensa, a identidade de comunidade local, por concentrar um maior número de famílias e indivíduos que possuam vínculos de permanência com o espaço;
Para a “Zona 3”: Zona de comércio, espaços públicos e habitação, assim definido por haver a ligação direta com o terminal e com a Av. Pref. Valdemar Vieira, além de estar próxima ao fluxo proveniente do bairro Pantanal, através da R. Dep. Antônio Edu Vieira. Esta área seria voltada a convidar para a entrada no espaço do projeto pelo seu caráter de uso - de serviços e lazer.
De forma geral, as zonas funcionam sob um sistema de auto sustentabilidade do ciclo de usos estabelecido entre elas - idealmente, entende-se que o usuário pode obter uma formação na Zona 1 (nos centros de capacitação), executar o que aprendeu na Zona 2 (nas cooperativas) e gerar renda na Zona 3 (mercado de feiras de artesanato e comércio) - estando amarradas por vias principais que as conectam entre si, definidas pelas passarelas alocadas no centro do projeto, que se originam e se findam em edificações consideradas “centros” em relação aos espaços de cada zona.

Ainda a fim de costurar estes espaços, baseado no conceito da identidade, imaginou-se irradiando da centralidade geral do projeto (a localidade do terminal) extensões de vegetação que proporcionam maior legibilidade e podem gerar unidade através dos eixos visuais. Estas seriam como “raízes” que permeiam os espaços, a todos os níveis de privacidade dentro da escala urbana trabalhando em diferentes ritmos, isto é, funcionando ora como transição entre áreas, ora como a própria delimitação da área, atravessando praças; perpassando espaços de serviço; alcançando áreas de habitação e transformando-se em um parque urbano que se desenvolve através de toda a extensão das zonas 2 e 3 e atravessa para a área 1 através das passarelas principais centrais.
De fato, este parque urbano está previsto como possuindo uma extensão maior do que trata a especificação do projeto; ao iniciar os estudos de caso sobre a população em áreas de risco da localidade e o plano comunitário de urbanização ficou entendido que, para alguns equipamentos, o ideal seria alocá-los dentro da(s) própria(s) comunidade(s) já existente(s). Para isso, como exemplo, imaginou-se a origem do parque urbano já no espaço da Caieira, entremeado com o córrego lá presente, se expandindo em direção ao terreno do projeto, onde estariam os equipamentos de apoio aos implantados para fora do terreno de estudo. Nas habitações projetadas poderiam ser absorvidos os moradores que por ventura tivessem suas casas desapropriadas para a criação do parque.